Como um passageiro sem rumo ele caminhava em direção ao nada... Sozinho
pela estrada ele seguia em frente... Era um garoto aparentemente normal, que
perdidos em seus pensamentos fazia seus afazeres do cotidiano como se fosse
apenas um robô criado para aquelas tarefas. Os que passam por ele jamais
imaginariam... Alias, se quer teriam ideia do caos que se escondia por trás
daquele rosto cabisbaixo e sem inocente (...).
Uma criança aos olhos de um adulto, um jovem para a sociedade... Um
demônio para si mesmo. Ao retornar de seu trabalho, uma vez mais era tomado
pelo seu eu insano. Via-se perseguido por ideias de morte e suicídio. Em tudo
que fazia, caminhos em que passavam, situações ele imaginava lhe resultam em
apenas um fato: sua morte.
Ali se encontrava ele, ao terceiro dia desde que seu insano voltará a
perturbar sua mente. Caminhava lentamente como quem não tinha pressa para
retornar à lugar algum. Lagrimas despercebidas escorriam pela sua face e seus
olhos fitavam sua frente como se houvesse apenas um vazio. Um passo. Dois
passos. Alguns metros caminhados.
Ele observava o céu e as vastas arvores que a cidade possuía. Na rodovia
a qual passava, ele observava um à um os carros, caminhões, e demais automóveis
que ali transitavam ininterruptamente e logo começa seus temores...
O insano tomava controle da situação e ali se iniciava seu maior carrasco. Sem se
dar conta de como, quando ou porque, ele se imaginava repentinamente caindo em
frente aqueles carros e como se fosse real, toda situação em sua mente.
Ou outro momento, se via caindo barranco abaixo, se perdendo na mata e
ferindo-se das mais diversas formas e agonizando com a mesma intensidade. Em um
instante de controle voltava a observar o céu, na esperança que saísse daquele
pesadelo de olhos abertos. Mas em nada ajudava fazer isso. Sentia apenas uma
dor, uma solidão em pensar quanto tempo demorariam para sentir sua falta,
chegar a conclusão de sua morte ou ao menos poderem tomar alguma atitude.
As ilusões de morte não eram o único problema que o Insano causava. As
vezes, em dias mais sombrios, ele era mais ardiloso e cruel. Via-se em outro
papel, em outra angulo de tudo. Via-se como o carrasco, o juiz e o executor. Imaginava-se
matando.
Passado por uma garotinha que brincava afastada de sua mãe cujo esperava
a circular. Ele passa e a encara friamente com um desejo doentio e em sua
cabeça passa a cena dela sendo jogada (por ele) nos ferros que saíam da mureta
a qual ela brincava perto. Um pouco mais a frente, passa ao lado de um senhor também
pela calçada e isso basta para que venha a cena dele sendo jogado em frente as
motos que desciam velozmente a rua e sorria ao imaginar o resultado.
As lagrimas tomavam mais espaço em seu rosto e já deixavam de ser
passadas despercebidas.
Volta a si, próximo a sua casa. Cumprimenta apressadamente seus vizinhos
que o olham preocupados com a pressa que se encontra o garoto. Adentra sua
moradia, em direto ao seu quarto se joga em sua cama e chora desesperadamente
se perguntando o que se passava com ele. Era um louco? Estava doente? Era apenas
algum tipo de sociopata ou apenas um suicida? Quanto mais pensava nas opções
mais desesperado ficava. Em consequência começa a pensar na família, e em todos
que ele sempre gostou mais que estavam a kilometros de distancia e que talvez
pudesse nem se importar...